quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Triangulo rectângulo contido em um semi-circulo



Primeiro, nada mais era que um segmento, de direita, deitado
horizontalmente, em sinal de submissão.
Pensei que, para um dia alcançar o paraíso, seria necessário elevar
uma perpendicular a partir do extremo do segmento, extremo até 

então considerado como uma das metas da vida.
Pensei.
No entanto o esboço de vertical, apareceu rapidamente como pouco
fiável, em perpétuo desequilíbrio, pois, contra vento e marés, o globo
 terrestre continuava a girar, produzindo um efeito perturbador, no 
verticalismo de uma linha direita sem sólidos alicerces para um
definitivo equilíbrio estático.


Por uma questão de equidade, confiei as minhas duvidas ao
compasso, única garantia de equidistancia entre um centro que
sempre fora obra do destino e uma periferia obtida pela graça da
rotação.
Algures, no branco do papel, coloquei a ponta metálica e aguda do 
instrumento, confiando como imaginado anteriormente, o centro da
minha razão à sorte. Regulo então a distancia entre as pontas do dito
de tal maneira que ao desencadear a rotação do compasso, a linha
curva obtida cortasse a horizontal, primeiro em um ponto A do seu 
comprimento, depois em um ponto B correspondente ao extremo do 
segmento considerado. Entre A e o centro do circulo, tracei uma nova 
direita, mas constatei que não somente era obliqua, como também 
tornava a cortar o circulo primitivo em um ponto C, um pouco mais
acima.
Elevava-me.
Estava pois em bom caminho.
Concluí que o segmento que, passando pelo centro do circulo, cortava 
este em dois pontos distintos e opostos, nada mais poderia ser que
o seu diâmetro .
Foi assim que no semi-circulo do meu silêncio, nasceu o triângulo
rectângulo da minha esperança.


Uma horizontal finalmente, também pode vir a ser, um dos lados da
encosta que nos aproxima dos céus. 


(autor desconhecido)
-- 
cortesia do colega mendes bastos

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