JOAQUIM COELHO
Da
Saudade ao Remorso
“Ela, com o avental nos olhos, e ele de cabeça
inclinada com os olhos grandes e marejados, fixos no nada.
Logo ali, esmagados pelo seu calçado rústico e
como que numa canção de despedida, ouve-se o ranger dos dentes de gelo, implantados
sob o saibro solto do caminho e formados pelas lágrimas desse esguio terrão
natal, tantas vezes passeado com inocência e alegria!...
Quando já só era vulto, nem um aceno!…
Ia entrar num desfiladeiro escuro, bordejado
por rebos medonhos que refletiam a silhueta na claridade do firmamento e…”
“Através das forquilhas da velha árvore, a
árvore das traquinices, que tão belas recordações lhe trazia viu o que não
queria ver.
A respiração parou, o colorido dos campos
transformou-se em cinza chumbo e a sua mente ficou opaca. Avançou sem andar e
pelas faces, como contas de um rosário, deslizou um líquido sem fórmula,
transformado em pequenos dilúvios, embriagando as pedras musguentas que o viram
nascer e…”